quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Eric Rohmer e o futuro do Cinema


Eric Rohmer faleceu na última segunda-feira (11/01). Confesso que, embora conheça razoavelmente as obras de Godard e Truffaut, Rohmer ainda me é misterioso. Admitindo uma ignorância, talvez imperdoável, aqui ficam os pesares pela morte de um diretor-autor – utilizando a diferenciação que Michel Foucault faz entre “autores” e “escritores”. Foucault afirma que “autor” é aquele que funda um estilo de escrita, de pensamento e de prática e o “escritor” seria o reprodutor dessas linguagens. Pois bem, Rohmer, um dos fundadores da Nouvelle Vague, merece estar no panteão dos “autores” – aliás, essa era uma das bandeiras fundamentais do movimento. E isso serve para pensar o caminho sinuoso e incerto para o qual o Cinema caminha. Nós vivemos uma “Era dos Extremos” – expressão de Eric Hobsbawn. Por um lado, vivemos num mundo culturalmente industrializado, vendido e reificado. Por outro, todos podemos ser autores de cinema com apenas um celular. O Cinema, especialmente, enfrenta o desafio de se equilibrar nestas extremidades. E pessoas como Rohmer nos servem de guias nesse caminho porque, se essa revolução tecnológica nos dará um novo cinema, é fundamental que haja a capacidade de compreensão e absorção da herança da estética que finda. Sem isso, não há Cinema possível.

PS: A obra de Rohmer está sendo lançada no Brasil. Se alguém puder conferi-la, confira, que deve valer a pena.


Léo.

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