Um Resnais mais jovem?
Eis que assisti ao novo filme de Alain Resnais. É um filme curioso, sem dúvida, muito diferente de Ano Passado em Marienbad (1961) e Hiroshima Mon Amour (1959). Neste ponto, Ervas Daninhas é um filme muito mais “jovem”, de um cineasta muito mais velho. A questão que fica é: isso é bom? Resnais faz parte de um raro time de cineastas que, ao que consta, não fizeram filmes ruins (Andrei Tarkovsky também entra aqui). Logicamente, fizeram filmes melhores e piores, mas não ruins. Deixo isso para uma discussão mais aprofundada numa outra oportunidade. Voltando a Ervas Daninhas. Entendamos o título para entender o filme – ao menos, na minha perspectiva. Erva daninha é aquela planta que cresce em lugar indesejado, mesmo que o jardineiro tente cortá-la, ela (re)nasce. Pois bem, assim é o relacionamento de Georges Palet (André Dussollier) e Marguerite Muir (Sabine Azéma). E, mais do que isso, é aquela planta que nasce dentre outras. O relacionamento Palet/Muir nasce entre as relações (esquisitíssimas) de Palet com sua esposa e de Muir com sua amiga. O filme, portanto, sugeriria que a gênese de uma relação social pode ser de origem indesejada e que, talvez, isso fosse bom. O ponto que fica é: se na jardinagem a erva daninha é indesejada, porque não seria no cinema? O problema de uma relação que surja de modo indesejado é que ela tem uma aparência “antinatural”, exatamente o que o filme deixou transparecer: uma juventude “antinatural” de um cineasta experiente que filmou uma história de aparência “antinatural”. E daí, alguém me diria: “Por que o “antinatural’ não pode ser naturalizado?”. Eu responderia: “Pode sê-lo, mas não deixaria de ser anti-natural”. Em suma: Resnais pode mais.
Eis que assisti ao novo filme de Alain Resnais. É um filme curioso, sem dúvida, muito diferente de Ano Passado em Marienbad (1961) e Hiroshima Mon Amour (1959). Neste ponto, Ervas Daninhas é um filme muito mais “jovem”, de um cineasta muito mais velho. A questão que fica é: isso é bom? Resnais faz parte de um raro time de cineastas que, ao que consta, não fizeram filmes ruins (Andrei Tarkovsky também entra aqui). Logicamente, fizeram filmes melhores e piores, mas não ruins. Deixo isso para uma discussão mais aprofundada numa outra oportunidade. Voltando a Ervas Daninhas. Entendamos o título para entender o filme – ao menos, na minha perspectiva. Erva daninha é aquela planta que cresce em lugar indesejado, mesmo que o jardineiro tente cortá-la, ela (re)nasce. Pois bem, assim é o relacionamento de Georges Palet (André Dussollier) e Marguerite Muir (Sabine Azéma). E, mais do que isso, é aquela planta que nasce dentre outras. O relacionamento Palet/Muir nasce entre as relações (esquisitíssimas) de Palet com sua esposa e de Muir com sua amiga. O filme, portanto, sugeriria que a gênese de uma relação social pode ser de origem indesejada e que, talvez, isso fosse bom. O ponto que fica é: se na jardinagem a erva daninha é indesejada, porque não seria no cinema? O problema de uma relação que surja de modo indesejado é que ela tem uma aparência “antinatural”, exatamente o que o filme deixou transparecer: uma juventude “antinatural” de um cineasta experiente que filmou uma história de aparência “antinatural”. E daí, alguém me diria: “Por que o “antinatural’ não pode ser naturalizado?”. Eu responderia: “Pode sê-lo, mas não deixaria de ser anti-natural”. Em suma: Resnais pode mais.
Cotação: ***½ (3,5/5)
Léo.