Depois de uma estreia promissora com Obrigado por Fumar (2005) e um grande segundo filme – Juno (2007) –, esperava-se bastante do terceiro longa do norte-americano Jason Reitman na direção. No entanto, Amor Sem Escalas em muitos aspectos não consegue alcançar essas expectativas. A proposta é interessante. George Clooney interpreta Ryan Bingham, um funcionário especializado em demitir pessoas. A empresa no qual trabalha é contratada por outras para cortar funcionários e Bingham passa a maior parte do tempo viajando pelos EUA fazendo o serviço sujo. Em tempos de crise, a história faz todo o sentido. Porém, o roteiro escrito pelo próprio Reitman, juntamente com Sheldon Turner e baseado no livro de Walter Kim, falha ao tentar mudar a natureza do protagonista. Bingham é um homem desapegado, não liga para a família que mora no interior de Winsconsin, não mantém relacionamentos e nem almeja estabilidade. Gosta de sua rotina de viagens, detesta os poucos dias do ano que fica em casa e tem uma meta na vida: completar 10 milhões de milhas no programa de milhagens da America Airlines. Clooney, sem brilhantismo, consegue construir bem o personagem, com seu estilo solteirão irresistível. A trama se complementa com Natalie Keener, uma nova funcionária que irá acompanhar Bingham em suas viagens e propõe instalar um novo sistema de demissão por vídeo-conferência, e Alex Goran, uma espécie de versão masculina de Bingham, com quem ele irá se envolver – interpretadas por Anna Kendrick e Vera Farmiga, ambas eficientes, mas também sem brilho. Reitman busca conduz o filme num ritmo ágil, como em seus trabalhos anteriores, mas, desta vez, a previsibilidade dá o tom. Se por um lado, a crise é muito bem retratada – inclusive com depoimentos de funcionários que realmente perderam o emprego, não apenas atores –, por outro, a transição do personagem de Clooney não convence. O protagonista, de repente, passa a buscar algo mais estável, abandonando seu estilo de vida e buscando um relacionamento amoroso de verdade. De modo geral, é possível dizer que o filme significa um retrocesso na carreira de Reitman, sobretudo com relação a Juno. Ironicamente, Amor Sem Escalas é favorito na categoria de roteiro para o Oscar, depois de ser premiado nos Globos de Ouro. Mas essa já é outra (não muito animadora) história...
Cotação: *** (3/5)
Zé.