
Cinema partido
Acho que é sempre difícil falar sobre qualquer filme do Almodóvar, porque não é sempre que temos certeza que nós compreendemos o filme. Assim, o que nos resta é simplesmente dizer o que achamos do filme. O primeiro ponto, que é clichê, é assinalar o total entendimento entre Almodóvar e Penélope Cruz. Se o filme não é dos melhores que ele já filmou, é mais um bom filme para o currículo de Cruz. Alguns assinalaram que o filme foi uma tentativa de Almodóvar de abordar os homens (coisa que ele tão bem fez com as mulheres). Se a intenção foi “esclarecer” a personalidade de Mateo Blanco/Harry Caine (Lluís Homar), ele fracassou miseravelmente. Se a intenção foi apenas a de “expressão” do conflito desse homem preso a dois personagens, a coisa parece mais promissora. Não porque ele tenha um “ataque de nervos”, como as mulheres almodovarianas, mas justamente porque ele os tem em perfeito estado. Exemplo disso foi a tranquila (para não dizer fria) passagem de Blanco para Caine. O “homem almodovariano” é um macho em termos clássicos, daqueles tipos espanhóis - me lembro do personagem de Antonio Banderas em Ata-me (1990) e me parece que essa noção continua correta. Bom, eu não posso deixar de voltar a comentar sobre a personagem de Cruz, Lena. Uma coisa que me chama muito a atenção nos filmes de Almodóvar é a idéia de família que grande parte deles traz. E aqui, novamente, esse ponto é abordado pelo diretor, ainda que de forma rápida e superficial, mas de um modo útil para a construção do enredo. O diretor disse que o filme é sobre “olhar e ser olhado, sobre a intimidade devassada pela câmera”. Tema muito atual. Neste ponto, eu estaria pronto para dizer que o filme peca. Peca porque não é um fato “natural”. O tal Ray X (Rubén Ochandiano) filma os bastidores do filme, mas não tanto por paixão pela imagem (que ele alega ter), mas por ordens paternas. A imagem aparece, em várias partes do filme, como uma espécie de tentativa de controle, dominadora. Assinalaria dois pontos: a própria filmagem do moço e má edição propositalmente feita pela agente de Blanco. Além desses, há o momento em que a personagem de Cruz declara seu ódio por Martel (José Luis Gómez) na câmera. Talvez a melhor idéia fosse o “olhar e a revolta em ser olhado”. E, seja lá como for, o cinema, caros, não é isso.
Acho que é sempre difícil falar sobre qualquer filme do Almodóvar, porque não é sempre que temos certeza que nós compreendemos o filme. Assim, o que nos resta é simplesmente dizer o que achamos do filme. O primeiro ponto, que é clichê, é assinalar o total entendimento entre Almodóvar e Penélope Cruz. Se o filme não é dos melhores que ele já filmou, é mais um bom filme para o currículo de Cruz. Alguns assinalaram que o filme foi uma tentativa de Almodóvar de abordar os homens (coisa que ele tão bem fez com as mulheres). Se a intenção foi “esclarecer” a personalidade de Mateo Blanco/Harry Caine (Lluís Homar), ele fracassou miseravelmente. Se a intenção foi apenas a de “expressão” do conflito desse homem preso a dois personagens, a coisa parece mais promissora. Não porque ele tenha um “ataque de nervos”, como as mulheres almodovarianas, mas justamente porque ele os tem em perfeito estado. Exemplo disso foi a tranquila (para não dizer fria) passagem de Blanco para Caine. O “homem almodovariano” é um macho em termos clássicos, daqueles tipos espanhóis - me lembro do personagem de Antonio Banderas em Ata-me (1990) e me parece que essa noção continua correta. Bom, eu não posso deixar de voltar a comentar sobre a personagem de Cruz, Lena. Uma coisa que me chama muito a atenção nos filmes de Almodóvar é a idéia de família que grande parte deles traz. E aqui, novamente, esse ponto é abordado pelo diretor, ainda que de forma rápida e superficial, mas de um modo útil para a construção do enredo. O diretor disse que o filme é sobre “olhar e ser olhado, sobre a intimidade devassada pela câmera”. Tema muito atual. Neste ponto, eu estaria pronto para dizer que o filme peca. Peca porque não é um fato “natural”. O tal Ray X (Rubén Ochandiano) filma os bastidores do filme, mas não tanto por paixão pela imagem (que ele alega ter), mas por ordens paternas. A imagem aparece, em várias partes do filme, como uma espécie de tentativa de controle, dominadora. Assinalaria dois pontos: a própria filmagem do moço e má edição propositalmente feita pela agente de Blanco. Além desses, há o momento em que a personagem de Cruz declara seu ódio por Martel (José Luis Gómez) na câmera. Talvez a melhor idéia fosse o “olhar e a revolta em ser olhado”. E, seja lá como for, o cinema, caros, não é isso.
Cotação: *** (3/5)
Léo.
Aloha!
ResponderExcluirÉ, como eu havia dito, estou de acordo em relação ao Henry/Mateo. Se a intenção do Almodóvar foi dar uma atenção maior a toda essa coisa de dupla personalidade (que nem chega a ser, se pensarmos bem) bem resolvida, foi uma sacada interessante.
Sobre seu comentário final, eu ainda não tinha me decidido. Aliás, não sei se já me decidi, rs. Mas pensei uma coisa. O fato do X-Ray não ter uma verdadeira paixão pelas imagens, mas agir por submissão a seu pai, não muda o outro fato que é a "intimidade devassada pela câmera". Não sei se sou clara... De qualquer modo, também não sei se penso isso, haha.
Gostei muito! Espero mesmo que sigam com o blog. =) (Mas, sério, ainda acho que fundo preto e letra branca dói a vista. rs)
Beijo pro Léo. ;)
Abraço pro amigo ainda desconhecido.