terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Invictus (idem), de Clint Eastwood (EUA, 2009)


Uma invencibilidade questionada

O novo filme de Clint Eastwood é decepcionante. Confesso que sempre tive certo preconceito com Eastwood devido ao seu passado western. No entanto, tenho que admitir que sua carreira como diretor estava, até então, impecável, já que ele tirou o melhor possível das histórias que dirigiu – se essas histórias são ou não boas, isso são outros quinhentos. Mas esse não é o caso de Invictus. O primeiro ponto é o próprio roteiro, que é absurdamente desigual, com alguns momentos realmente tocantes e outros completamente inexpressivos. Assim, o filme não traz nenhuma fagulha de tensão, nem nos momentos tocantes. As atuações de Matt Damon e Morgan Freeman também são desiguais. Freeman está muito bem – até o sorriso de Mandela foi bem interpretado. Por sua vez, Damon não me pareceu confortável no papel. Foi uma atuação apagada, que não trabalhou bem o fator do conflito racial sulafricano – o seu personagem não pareceu ser tocado pela questão. E aqui voltamos ao roteiro, portanto: de modo geral, não se trabalhou bem o conflito do fim do apartheid e nem possibilitou uma excelente atuação dos dois atores. Dessa forma, comprometeu o filme e, portanto, o trabalho do diretor. Um crítico escreveu que Eastwood dirigiu o filme em dois tons, ou seja, fez um filme desigual de forma proposital. Um primeiro de distanciamento proposital e, depois, viria a parte “tocante”. Se for assim – e não acho que seja – a primeira é fraca e a segunda insuficiente. O mérito da história (e não de Eastwood) é ressaltar que a Política não é algo exterior ao nosso dia-a-dia, não é feita somente nos altos escalões dos distantes palácios governamentais. Rugby, como futebol, é também Política. Assim, é gratificante para mim especialmente, ver que a Política pode ser tocante e inspiradora. Ah, para encerrar: Clint, meu caro, não existiam telas planas em 1995!


Cotação: ***½ (3,5/5)


Léo.

PS: Ler as críticas feitas por alguns sites com relação ao filme é realmente instrutivo. O medo da crítica por parte de alguns críticos deveriam fazê-los mudar o nome da profissão. No lugar de “críticos”, deveriam se chamar “elogiadores”. E, pior: alguns escrevem e nem sobre o filme falam, de tanto medo.

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